Conceitos foram considerados determinantes para crescimento econômico e preservação das gerações futuras
A primeira palestra do FIA 2022, desta manhã de quarta-feira (28/09), teve como tema “A Governança e os Desafios da Ética e da Sustentabilidade” e foi mediada pela vice-presidente do CRA-SC, Karen Bayestorff. O primeiro palestrante foi o empresário e cônsul da Finlândia, o brasileiro João Augusto Rodrigues.
Em sua explanação, Rodrigues explicou o que é ESG — sigla relativa às palavras inglesas “Environmental (ambiental)”, “Social (Social)” e “Governance (Governança)” — e explicou como o conceito tem sido trabalhado na Amazônia. Afirmou que a região tem potencial para executar práticas de economia sustentável — relativas à agricultura e também à indústria e comércio.
Sobre ética e governança, ele contou a história do filósofo grego Sócrates e sua relação com os dois termos. Preso, sob acusação de incitar motim na sociedade, ele ia ser resgatado por seus apoiadores, porém não quis fugir por respeito às leis de sua cidade.
“Ele preferiu morrer a infringir as regras de sua cidade. O ‘não’ (para a fuga) de Sócrates dá início a uma revolução moral”, destacou Rodrigues.
O cônsul também destacou que a ética tem a ver com sustentabilidade, na medida em que, ao preservar o meio ambiente e o Planeta, a população estaria preservando o futuro das futuras gerações. Rodrigues conclamou mudanças para os modelos de produção e consumo, ao dizer que pensar o desenvolvimento sustentável é direção obrigatória e necessária para o futuro.
Ao final, ele citou reunião que teve com o atual presidente do banco Santander no Brasil, em que o executivo confessou que governança corporativa e balanços corretamente auditados são essenciais para existirem taxas de juros consideradas praticáveis. Destacou a relação inerente entre as práticas ESG e o sucesso empresarial no futuro.
“O ESG é uma direção necessária para o futuro da sociedade, pois é sinônimo de oportunidades sociais saudáveis e práticas econômicas competitivas. Já a economia circular deve ser vista não apenas como possibilidade, mas como um caminho inevitável, pois agrega novos valores no ciclo de vida de produtos outrora descartados”, avalia.
Gestão Pública
O representante do Centro Latinoamericano de Administración para el Desarrollo (CLAD) Luis Molina iniciou sua participação explicando o que era ética para os indígenas da América Latina, e que a palavra dada valia mais do que qualquer acordo escrito. Na sequência, ele comparou o valor à corrupção que tomou seu país, séculos mais tarde, e que promoveu sucessivos impeachments de seus presidentes.
Na sequência, o administrador peruano mostrou fotos de obras inacabadas em seu país: a primeira de uma escola em construção — com 63 dias de atraso — e outra, de saneamento básico, com 71% de atraso em relação ao cronograma de trabalho.
“Imaginem os danos que essas obras causam aos alunos que ficaram quase três anos parados e agora necessitam urgentemente retomar seus estudos. E essa outra obra, qual o impacto dela sobre a população em termos de conforto ou mesmo de perdas financeiras às empresas, pessoas e instituições em geral?”, questionou.
Molina explicou que é preciso entender os motivos de tais erros de gestão e, sobretudo, saber a quem tais ações beneficiam. Ao apresentar a figura de um iceberg, disse que a falta de fiscalização é tão grave quanto a corrupção, pois ambas prejudicam o dia a dia e o futuro das cidades e empresas.
O administrador afirmou, ainda, que a governança implica que a cidadania esteja presente e que haja supervisão e prestação de contas. Ressaltou que são gastas grandes quantias de dinheiro, mas não são executadas as obras ou, quando entregues, estão muito fora do prazo de conclusão; concluiu citando exemplo do que aconteceu ao Peru, durante a pandemia.
“Houve muita falta de governança por lá: qual o motivo de alguém que não tem formação em logística estar à frente das decisões (de entrega de vacinas) durante a pandemia? Precisamos apoiar a meritocracia, abrindo espaço para aqueles que estudaram determinadas áreas da administração, mas que por razões políticas ou falta de regras acabam perdendo espaço para amadores”, sentenciou.
Economia mundial
Última a palestrar, a economista e consultora de ciências Ergunova Titovna contou como funcionam as práticas ESG em seu país, a Rússia, e sobre as rápidas mudanças de ambientes de negócios em todo o mundo. Afirmou que já é possível inferir como as ameaças ao meio ambiente e à sociedade prejudicam a economia mundial.
Titovna disse que a guerra entre Rússia e Ucrânia tem causado desabastecimento de energia e comida, na Europa e no mundo, e que há previsões que indicam quedas de crescimento de 60% (antes previstas) para 3,1%. O mundo experimentaria crescimentos expressivos na pós-pandemia, porém a guerra — que pode ser longa e sem previsão para acabar — reduziu drasticamente as chances de recuperação econômica.
“É alarmante, pois temos países desenvolvidos que já se recuperaram em 100% da economia. Porém, com uma crise internacional em curso, muitas outras nações se afundam e faz com que pessoas vivam em pobreza extrema”, sentenciou.
Por Leon Santos – Assessoria de Comunicação CFA